Proteção Radiológica

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA- É o conjunto de medidas que visa proteger o homem, seus descendentes e seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados por radiação ionizante. Essas medidas estão fundamentadas em três princípios básicos: Justificação da prática, Otimização e Limite de dose
Justificação da prática - Nenhuma prática deve ser autorizada a menos que produza suficiente benefício para o indivíduo exposto ou para a sociedade.
Otimização - O princípio da otimização implica em que as exposições devem manter o nível de radiação o mais baixo possível.
Limite de dose - As doses de radiação não devem ser superiores aos limites estabelecidos pelas normas de radioproteção de cada país. Nas práticas abrangidas pela Portaria 453, o controle deve ser feito de maneira que:
  • A dose efetiva anual não deve exceder 20mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos, não podendo exceder 50mSv em um ano;
  • Menores de 18 anos não podem trabalhar com raios-X diagnósticos, exceto em treinamentos;
  • Estudantes com idade entre 16 e 18 anos, em estágio de treinamento profissional a dose efetiva anual não deve exceder o valor de 6mSv;
  • É proibida a exposição ocupacional de menores de 16 anos;
  • A dose efetiva anual de indivíduos do público não deve exceder a 1mSv.
  • Para mulheres grávidas devem ser observados os requisitos adicionais:
    • A gravidez deve ser notificada ao titular do serviço tão logo seja constatada;
    • As condições de trabalho devem garantir que a dose na superfície do abdômen não exceda 2mSv durante todo o período restante da gravidez.
FONTES DE RADIAÇÃO IONIZANTE
Durante toda a vida, os seres humanos estão expostos diariamente aos efeitos das radiações ionizantes. Estas radiações podem ser de origem natural ou artificial.
Natural: Césio - Cs-137 e Iodo-131 são exemplo usado na terapia.
Artificial: Raio X e TC usado no diagnóstico.

EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÕES
As radiações, quando em quantidades elevadas, são perigosas aos seres vivos, sendo nocivas aos tecidos, destruindo-os. A extensão dos danos causados depende basicamente:


  • Do tipo de radiação;
  • Do tempo de exposição;
  • Da forma de exposição;
  • Do órgão irradiado;
  • Intervalo entre irradiações;






CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS

Em função do nível de dano:

Efeitos somáticos:
  • Afetam a pessoa irradiada;
  • Dependem da dose absorvida, da taxa de absorção da energia da radiação, da região e da área do corpo irradiada;
  • Ex.: A medula óssea e os órgãos reprodutores são muito sensíveis às radiações;
Efeitos hereditários:
  • Afetam os descendentes da pessoa irradiada;
  • É cumulativo e independe da taxa de absorção da energia da radiação;
  • Ex.: irradiação das células dos órgãos reprodutores;

Em função do tempo de manifestação:

Efeitos imediatos:
  • Ocorrem dentro de poucas horas até algumas semanas após a irradiação;
  • Ex.: Radiodermite (inflamação cutânea resultante da ação de radiação ionizante);Queimaduras;
Efeitos tardios:
  • Ocorrem muito tempo (anos ou décadas) após a irradiação;
  • Ex.: Câncer;
Leucemia nas vítimas de Hiroshima e Nagasaki;
Obs.: É por isso que os técnicos em radiologia devem usar detectores. Não se poderia esperar os sintomas clínicos aparecerem, pois estes podem ser tardios, como o câncer;

Em função das doses recebidas e das formas de resposta:

Efeitos estocásticos:
  • Podem ocorrer para qualquer dose de radiação recebida e pequenos tempos de exposição;
  • A PROBABILIDADE de ocorrência é proporcional à dose recebida e ao tempo de exposição;
  • Radiologistas sem a devida proteção podem desenvolver estes efeitos;
  • A radioproteção visa reduzir a ocorrência de efeitos estocásticos;
  • Os principais danos causados variam desde redução na expectativa de vida, alterações genéticas até câncer;

Efeitos determinísticos:
  • Ocorrem para doses elevadas a partir de um limite;
Ex.: Vítimas de acidentes radioativos;
  • Doses abaixo do limite não geram perda significativa de células que comprometam determinado órgão;
  • O tempo de resposta à radiação recebida é variável, desde horas até meses após a irradiação;
  • A GRAVIDADE dos danos causados aumenta com a dose recebida e com a extensão do corpo exposta;
Ex.: exposição local, exposição de corpo inteiro

SÍNDROME DE RADIAÇÃO AGUDA (SAR)
  • São sintomas que indicam alterações profundas no organismo humano devido à exposições que resultam em doses absorvidas elevadas em partes do corpo ou em sua totalidade;
  • Ex.: vômitos, diarréia, insuficiência respiratória, coma;

ACIDENTES COM FONTES RADIOATIVAS



Tempo, blindagem e distância 

A redução do tempo de exposição ao mínimo necessário, para uma determinada técnica de exames, é a maneira mais prática para se reduzir a exposição à radiação ionizante e quanto mais distante da fonte de radiação, menor a intensidade do feixe.
Tempo – Quanto maior o tempo junto a uma fonte de radiação maior a dose.
Distância - Refere-se aquela que é desejável que se mantenha: sempre o maior possível entre a fonte e pessoa exposta.
Blindagem – Refere-se a colocação de um material absorvedor entre a fonte e trabalhador. Estes são alguns exemplos de blindagens com relação as fontes de radiação:


MÉTODOS DE REDUÇÃO DE EXPOSIÇÃO AS RADIAÇÕES

Os métodos abaixo podem ser adotados visando a redução de exposição as radiações.
  • Tempo, blindagem e distância
  • Hábitos de trabalho
  • Sinalização
  • Monitoração

Hábitos de trabalho
  • Utilizar sempre as técnicas adequadas para cada tipo de exame, evitando a necessidade de repetição e reduzindo o efeito da radiação espalhada sobre o profissional das técnicas radiológicas;
  • O Tecnólogo e o Técnico deverão sempre utilizar seu dosímetro pessoal durante a jornada de trabalho;
  • Sempre posicionar-se atrás do biombo ou na cabine de comando durante a realização do exame;
  • Usando aparelhos móveis de raios X o profissional das técnicas radiológicas deve aplicar, da melhor maneira os conceitos de radioproteção (tempo, blindagem e distância);
  • Sempre utilizar acessórios plumbíferos e o dosímetro por fora do avental nos exames em que seja necessário permanecer próximo ao paciente;
  • As portas de acesso de instalações fixas devem ser mantidas fechadas durante as exposições.
  • - Respeitar o Código de Ética técnico em radiologia.



DOSIMETRIA PESSOAL



  • O que é um Dosímetro TLD?
O Dosímetro é um dispositivo composto de cristais com propriedades Termoluminescentes, ( quando aquecido emite luz ) utilizado para medir doses de radiações ionizantes.

  • Para que serve a Dosimetria Pessoal?
A Dosimetria Pessoal tem como finalidade determinar o Nível radiação recebida pelos usuários em decorrência de seus trabalhos.

  • Como se usa o Dosímetro
É importante que o dosímetro pessoal seja usado de modo permanente pelo usuário durante todo o seu período de trabalho.

  • Como funciona o Dosímetro?
O Dosímetro (TLD ), que é composto de cristais que possuem uma propriedade, chamada de termoluminescente, ou seja quando estes são aquecidos durante um curto período de tempo à uma certa temperatura, eles emitem luz ultravioleta, cuja intensidade é proporcional à dose da radiação incidente.

Para garantir que na troca ou devolução dos dosímetros não haja confusão ou mistura dos mesmos, utiliza dois sistemas:
  • Data base do período de uso identificada no dosímetro,
  • Cores para cada período onde:
Dosímetros Tórax : COR AZUL para os meses pares e COR VERDE para os impares.

  • O que é Dosímetro Padrão?
O Dosímetro Padrão é um dosímetro igual aos outros, mas utilizado como referência no sistema de leitura.

  • O que é um Laudo de Dose Mensal?
O Laudo de Dose Mensal é um relatório das doses recebidas pelos usuários de uma instituição durante o período de um mês. Neste Laudo, além das doses, consta a data da chegada da remessa, no Laboratório o código da Instituição e dos usuários,

  • O que deve constar no Relatório de Investigação?
A Investigação sobre os motivos desta exposição, levou-nos a constatar que...

b) Durante a realização dos exames o referido usuário utilizou, ou não utilizou um avental de Plumbífero para sua proteção de corpo inteiro?
c) Da mesma forma o Dosímetro foi usado sobre ou sob o avental?
d) Os exames laboratoriais de rotina foram realizados e constatou-se ou não alterações no exame de sangue? (Contagem de plaquetas, hemograma
completo do usuário.)

LEVANTAMENTOS RADIOMÉTRICOS

São um conjunto de medidas de exposição, realizadas no intuito de avaliar os níveis de radiação nas vizinhanças da sala de exames, atrás do biombo de proteção, blindagens, etc., e compará-las com os Limites de Doses estabelecidos pelas Normas vigentes. O Laudo Radiométrico têm validade de 04 anos, desde que não haja mudanças na sala, no aparelho de Raios-X,

TESTE DE RADIAÇÃO DE FUGA

O Teste de Radiação de Fuga permite avaliar o  nível de fuga de radiação através da    blindagem do tubo de Raios-X ou do cabeçote, e compará-lo aos    níveis recomendados pela legislação vigente.

CONTROLE DE QUALIDADE EM EQUIPAMENTOS RADIOLÓGICOS 

Todo o equipamento de radiodiagnóstico deve ser mantido em condições adequadas de funcionamento e submetido regularmente a verificações de desempenho. Se a instalação apresentar alguma não adequação, no Laudo de Controle de Qualidade, serão feitas recomendações à direção da instalação.

Principais Testes Exigidos pela Portaria n°453/98

Testes anuais:
  • condições mecânicas e de movimento;
  • exatidão do indicador de tensão (kVp);
  • exatidão do tempo de exposição, quando aplicável;
  • alinhamento do eixo central do feixe de raios-X;
  • medida da camada semi-redutora;
  • linearidade da taxa de kerma no ar com o mAs;
  • reprodutibilidade do sistema automático de exposição;
  • tamanho do ponto focal;
  • integridade dos acessórios de Proteção Individual (EPIs);
  • vedação da câmara escura;

Testes semestrais:
  • exatidão no sistema de colimação;
  • contato tela – filme;
  • alinhamento da grade;
  • integridade das telas e chassis;
  • condições dos negatoscópios;
  • índice de rejeição de radiografias (com coleta de dados durante pelo menos dois meses).

Testes semanais:
  • Controle da Processadora – Medida da temperatura e pH dos produtos de revelação, e Sensitometria do Sistema de Processamento;
  • Calibração, constância e uniformidade dos números da CT.

Fontes:
Luciano Santa Rita Oliveira
Pós-graduado em Gestão da Saúde e Admistração Hospitalar
     Tecnólogo em Radiologia

Noções de Dosimetria -1